VALENEWS MARANHÃO || ROUBO DE GADO SE
INTENSIFICA NO INTERIOR DO MARANHÃO
O roubo de gado, que já
espalhou terror entre os pecuaristas no interior do Maranhão, notadamente na
região da Baixada Maranhense, volta a ser intenso no estado.
O roubo de gado vacum que já espalhou terror entre os pecuaristas no interior do Maranhão, notadamente na região da Baixada Maranhense, passou por um período em que as ocorrências foram reduzidas. Agora, voltou a prática a acontecer com maior frequência, deixando de ser um “privilégio” da Baixada, para acontecer em cidades diversas do estado.
Em tempos passados, os municípios que mais sofriam com o abigeato (roubo de
gado) eram os da Baixada, com maior incidência nos campos de Viana, Pinheiro,
São Vicente Ferrer e São João Batista, de onde também eram oriundos muitos dos
autores deste tipo de ilicitude penal.
Entre muitos “foras-da-lei” que se dedicavam ao furto de gado, um dos mais
emblemáticos era conhecido como “Bóca”, que foi assassinado por pistoleiros no
interior de um bar, no Anjo da Guarda, para onde foi atraído pelo proprietário
do estabelecimento, que se dizia seu amigo e armou uma “casinha” (cilada)
acoitando os assassinos para cometerem o crime.
A estas alturas, Bóca já havia abandonado o crime, passando a trabalhar como
caseiro em um sítio pertencente ao já falecido advogado Pedro Moraes. Bóca era
um tipo de Robin Hood moderno. Quando morava na Salina do Lira, era muito
estimado pela vizinhança, principalmente os idosos, visto que sempre estava
dispostos a ajudar com cestas básicas e até com melhorias das residências.
Uma das pessoas beneficiadas pela solidariedade do bandido, foi a senhora Laura
Ciríaca que teve o teto de sua casa queimado, visto ser de palha e, assim, de
fácil combustão. Bóca ao saber do sinistro se dispôs a ajuda e convocou um
mutirão com outros moradores e em uma hora a casa estava coberta novamente com
palhas novas. Em muitas ocasiões chegou a comprar fiado para atender as
necessidades de uma vizinha em situação de vulnerabilidade.
Crime na Ponta da Madeira
O
outro era conhecido como “Pedrinho”, um idoso que morava na ilha de Parnauaçú,
no Estreito dos Mosquitos, com sua família, tendo como membros do bando que
comandava alguns dos seus próprios filhos, e outros bandidos que recrutou para
o “trabalho” criminoso. O bando se utilizava de uma pequena embarcação para
chegar aos campos da Baixada e cometer os crimes.
Sua quadrilha foi desarticulada em uma operação realizada pelo delegado Luís
Moura com a parceria do investigador Salomão Lisboa, seu chefe de Capturas,
para elucidar um crime bárbaro, contra um pescador conhecido como “Seu
Cândido”, residente no Bairro São Francisco, que teve o seu cadáver e de dois
sobrinhos seus, uma menina de doze anos e um menino de nove anos, encontrados
boiando nas águas da Baía de São Marcos , o que caracterizou tratar-se de
crimes de homicídio, descartando a versão inicial de terem sido vitimas de
afogamento, levantada quando a polícia recebeu uma informação de que o crime
havia sido praticado por bandidos da quadrilha de Pedrinho e uma operação foi
realizada durante uma madrugada, obtendo o êxito de prender todos os membros do
bando, enquanto dormiam.
Nas
inquirições a que foram submetidos, foi esclarecido que os autores do triplo
assassinato foram os bandidos identificados como “Benedito Buchudo” e Sílvio
Felipe.
Tudo
aconteceu, quando “Seu Cândido” e sobrinhos pescavam em frente à Ponta da
Madeira, na região do Itaqui, e o velho homem do mar observou que os ladrões
estavam desembarcando um carregamento de carne e deduziu que se tratava de
ladrões de gado, resolveu se aproximar e pedir um pedaço de carne, o que foi negado
tendo ele dito que os iria denunciar à Polícia. Foi perseguido pelos dois
bandidos em um “casco” (embarcação de pequeno porte) e mortos a pauladas,
levados para terra onde tiveram pedras amarradas aos corpos para que fossem
mantidos no fundo mar. Os três cadáveres foram descartados no mar.
Com o desaparecimento das três vítimas e a canoa em que estavam sendo
encontrada à deriva, buscas foram realizadas sem êxito, três dias depois,
quando entraram em adiantado estado de decomposição, os corpos submergiram e
foram encontrados. Com as pedras amarradas, a Polícia deduziu que haviam sido
assassinados.
Bóca
soube da pratica do crime através de outro bandido que, não participou
diretamente do crime, mas estava presente na ocasião da sua perpetração e
revoltado com tamanha desumanidade, procurou a reportagem de O
Imparcial e fez a denúncia que culminou na elucidação do
triplo crime.
Na mesma ocasião, outro crime praticado por Sílvio Felipe e Benedito Buchudo,
os mais cruéis do bando, temidos até pelos seus parceiros de crimes, tendo como
vítima o também ladrão de gado conhecido como “Pacote”.
Este
crime aconteceu num igarapé, no município de Cajapió, depois que a vítima
manifestou sua insatisfação com os critérios usados na partilha dos produtos
dos furtos. Ele tentou fugir da sanha selvagem dos criminosos se jogando na
maré para esconder-se no manguezal, mas foi perseguido pelos dois assassinos
que o mataram a pauladas e abandonaram o corpo. Os criminosos foram indiciados
pela Polícia e processados pelo Poder Judiciário que os condenou a penas de
reclusão no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.
Os ladrões continuam agindo
Mesmo
de forma esporádica, os ladrões de gado continuam aterrorizando os pecuaristas
no interior do Maranhão, principalmente os criadores de menor porte que não
dispõem de estrutura suficiente para prevenir e ou reprimir a prática da
ilicitude.
Investigadores da Polícia Civil, lotados na Delegacia Regional de Caxias, em
operação realizada, conseguiram recuperar doze cabeças de gado, furtadas de uma
fazenda localizada no município de Aldeias Altas. As ações da Polícia
aconteceram em povoados da zona rural do município, conforme o delegado
regional Jair Paiva, os furtos aconteceram no dia 25 de outubro passado e que,
logo que o fato delituoso foi comunicado à Polícia, as investigações foram
iniciadas a fim de localizar e recuperar as reses subtraídas. Com mais de um
mês de investigações.
A
Polícia conseguiu identificar todos os envolvidos e que vão responder
criminalmente pela prática do delito. Disse o delegado Jair Paiva que o número
de reses recuperadas foi superior ao comunicado pela vítima à Polícia, visto
que ainda não havia sido contabilizado o total de cabeças furtadas no momento
da denúncia.
Uma operação integrada foi realizada pelas Polícias Civil e Militar do
Maranhão, visando combater o abigeato na região dos campos do município de
Colinas. Investigadores e delegados do Departamento de Combate ao Crime
Organizado, da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (DCCO/SEIC)
e policiais do 33º Batalhão da Polícia Militar, nas investigações realizadas,
conseguiram identificar a atuação de uma organização criminosa especializada no
furto de gado vacum de pecuaristas da região, causando-lhe graves prejuízos.
Inicialmente, foram presos quatro indivíduos envolvidos nos crimes e
recuperadas vinte cabeças de gado de alto valor e duas armas de fogo,
sequestrados bens e valores em contas dos suspeitos, além de apreendidos os
veículos Ford F-4000 e D-20, utilizados nos crimes.
O
principal responsável pela coordenação dos furtos foi preso preventivamente. As
investigações policiais tem continuidade com o objetivo de revelar e prender
todos os envolvidos. Os bens apreendidos servirão, ao final do processo, para
reparar os prejuízos das vítimas.
Em outra operação, realizada ainda em Colinas, os homens do Departamento de
Combate ao Crime Organizado da SEIC e do 33º BPM, prenderam sete pessoas
suspeitas de praticar furtos de gado na zona rural do município de Colinas. Os
policiais fizeram a apreensão de 28 cabeças de gado furtadas e apreensão de
bens dos supeitos que foram autuados em flagrante e recolhidos ao Sistema
Penitenciário à disposição da Justiça.
Além dos furtos, os pecuaristas enfrentam também as ações delituosas dos
estelionatários. Investigadores da Polícia Civil do Maranhão conseguiram
recuperar mais de 200 cabeças de gado, que foram subtraídas ilegalmente por uma
quadrilha de estelionatários, de uma fazenda localizada no município de Lajeado
Novo, na Região Tocantina.
Conforme investigações realizadas pela 10ª Delegacia Regional de Imperatriz,
uma fazenda foi vítima de um golpe aplicado por uma grupo interestadual de
estelionatários, que conseguiram se apropriar de mais de 350 animais. No mesmo
dia, o fazendeiro, com apoio de seguranças particulares conseguiu recuperar 148
bovinos.
Após investigações, a Polícia representou pela expedição de dois mandados
judiciais de busca e apreensão, que foram cumpridos em propriedades rurais dos
municípios de Timbiras e Lagoa Grande do Maranhão, ambas pertencentes a um
empresário rural, onde foram apreendidas mais de 200 cabeças de gado.
A
Polícia restituiu os animais ao legítimo proprietário e está dando continuidade
às investigações visando identificar e prender os membros do bando criminoso.
Associação dos Criadores em alerta
O pecuarista Ricardo Ataíde, presidente da Associação dos Criadores do Estado
do Maranhão, avaliou que a prática de crimes de furto de gado foi bastante
reduzido, em especial no presente momento com o fenômeno da seca, que reduziu
os pastos e todo o gado está magro, não sendo um grande atrativo para os
ladrões, visto que não tem mercado, com a rejeição dos receptadores.
“Acontecem
casos isolados de abigeato e a Associação dos Criadores está sempre alerta no
sentido de apoiar o criador vitimado, tanto no que concerne aos casos de furtos
de gado, quanto nos problemas fundiários”, disse Ricardo Ataíde. A
entidade age junto às autoridades do Sistema de Segurança, no sentido de que
ações sejam efetivadas para elucidar os crimes, assim como para prevenir as
ocorrências das atividades delitivas.
Fonte: O
IMPARCIAL
Da Redação
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