INTERNACIONAL || AVIÃO DE LÍDER MERCENÁRIO QUE DESAFIOU PUTIN CAI E MATA TODOS A BORDO
(VALE NEWS) - O líder do grupo mercenário Wagner, que protagonizou há exatos dois meses um motim contra a cúpula militar da Rússia no maior desafio ao presidente Vladimir Putin em mais de 20 anos, estava na lista de passageiros de um jato executivo que caiu perto de Tver, na Rússia. Todas as pessoas a bordo morreram.
© Konkord Company Press Service/ITAR-TASS/IMAGO
O acidente ocorreu na noite desta quarta
(23) na rota que o jato de fabricação brasileira Embraer Legacy 600 fazia entre
Moscou e São Petersburgo, um dia depois de Ievguêni Prigojin reaparecer em suas
redes sociais com um vídeo que teria sido gravado durante operações do Wagner
na África.
Segundo
o Ministério das Situações de Emergência, a lista de passageiro tinha três
tripulantes e sete passageiros, incluindo o líder. Mas o primeiro relato do
órgão sobre as buscas afirma que só foram encontrados oito corpos nos
escombros.
O
jato tinha matrícula RA-02785, e desde 2019 estava sob sanção dos Estados
Unidos por ser considerado de propriedade de Prigojin, que era um aliado
próximo de Putin. Ele foi visto embarcando na aeronave diversas vezes,
inclusive quando foi para Belarus após o motim fracassado de 24 de junho.
O
episódio nunca foi explicado totalmente, com diversas contradições em seu
curso. Se confirmada a morte do empresário em solo russo, contudo, será muito
difícil para o Kremlin evitar as acusações de queima de arquivo.
Nesta
mesma quarta, um dos principais generais russos, Serguei Surovikin, foi
demitido da chefia das Forças Aeroespaciais após uma nebulosa investigação acerca
de suas ligações com Prigojin e o motim, embora ninguém fale isso oficialmente
na Rússia.
Na
semana passada, um general acusado pelo opositor Alexei Navalni de ter
gerenciado a construção de um palácio para Putin, que estava preso, morreu na
cadeia. E um coronel ligado ao alto escalão militar por suspeita de
envenenamento, o que levou a especulações acerca de uma ação coordenada.
Conhecido
como "chef de Putin", por ter fornecido serviços de alimentação no
Kremlin e ao governo russo, em contratos anuais de US$ 1 bilhão. Seu grupo
mercenário, atuante desde 2014 a serviço do Kremlin em diversos países, foi
instrumento importante na guerra até o rompimento de Prigojin com a cúpula
militar russa, antes do motim.
Prigojin
bateu de frente com o poderoso ministro da Defesa, Serguei Choigu, a quem
acusava de sabotar os trabalhos de seus mercenários. No auge de sua atuação na
Ucrânia, talvez 50 mil soldados tenham estado sob controle do Wagner, boa parte
deles condenados que trocaram a liberdade pelo combate.
O
Wagner, que tem atuação forte também na Síria e em países africanos como o Níger
ora vivendo um golpe militar, prevaleceu naquele embate. Mas Choigu buscou
enquadrar os mercenários na sequência, obrigando-os a assinar contratos com seu
ministério.
O
motim de Prigojin, segundo o próprio, foi para salvar o controle de seu grupo,
que ele dizia ter 25 mil homens armados na Rússia. Mas tudo no episódio
permaneceu obscuro, até porque Putin recebeu o ex-aliado e o comando do Wagner
cinco dias após o motim, para ouvir suas razões.
Outra
interrogação é o papel do ditador belarrusso, Aleksandr Lukachenko, aliado do
Kremlin que mediou o acordo que pôs fim à revolta no dia 24 de junho. Ele
recebeu membros do Wagner, naquilo que vizinhos da Otan [aliança militar
ocidental] considera um prelúdio para ações de desestabilização na fronteira,
dizendo que eles treinariam seu exército.
Nunca
ficou clara a relação entre Lukachenko e Prigojin, objeto também da apuração
que levou à detenção do general Surovikin.
Da Redação
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